sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Adivinha quem é?

Helena e Luciana encontram Carlos em Paris

Título da Matéria

As duas chegam a Paris loucas para curtir tudo que a cidade pode oferecer. Estão de passagem e os dois dias que permanecem ali devem ser aproveitados ao máximo. “Sempre dá pra fazer uma loucurazinha, arrumar um flerte, um namorado provisório”, propõe Luciana, meio de brincadeira. No mesmo tom, Helena lembra que é casada – por sinal, com o pai dela. Osmar não faz objeção, apenas implora que não comam demais. Se engordem, não caberão mais nos vestidos justíssimos do desfile.

Nisso, quem aparece no saguão do hotel? Adivinhe! Primeira chance: é um velho amigo de Helena. Segunda: agora, ele é também conhecido e paquera de Betina. Descobriu? Claro, é o bonitão mais onipresente e internacional de todos, o Carlos. Por coincidência, ou destino, o cara nunca encontra Helena no Rio, só em Paris. E dessa vez, desacompanhada. Luciana fica impressionada com a beleza do rapaz, que, galã, faz questão absoluta de que jantem naquela mesma noite.

Convite aceito, Helena e Luciana voltam pro quarto e ligam respectivamente pra Marcos e Jorge. Mas as duas conversas não são nada agradáveis. Helena diz estar com saudades mas confessa que não sabe mais se o desfile de Petra será o último de sua carreira. O papo azeda mais quando ela conta que encontrou Carlos, por quem Marcos, sabemos, não nutre boas lembranças. Com Luciana, acontece quase a mesma experiência. Jorge insiste na questão do trabalho e, por isso mesmo, acha até que a distância vai ser boa para que eles coloquem os pensamentos em dia.

A conversa é tão ruim que, depois que desligam, ficam com uma sensação de estão fazendo algo errado, como se tivessem cometido um grave pecado. Nessa hora, as duas se olham, cúmplices. Luciana é quem responde por elas. Será que estão fazendo algo errado mesmo? “Não... Por enquanto não.

Esse "por enquanto" indica que o jantar com Carlos promete.

Bem-me-quer, mal-me-quer

No avião para Paris, Helena e Luciana selam amizade

Título da Matéria

Beijos e abraços, lágrimas e sorrisos, promessas e pedidos – tudo isso ficou do lado de fora, no Brasil, no saguão do aeroporto. Agora, dentro do avião, dez mil pés de altura, estão Helena e Luciana, madrasta e enteada, companheiras de trabalho e rivais, próximas e sozinhas como nunca antes haviam estado. À frente delas, apenas o desejo de cruzar a passarela em Petra, brilhar naquele cenário deslumbrante, de sonho.

Obviamente, há um desconforto entre as duas – normal até. O que dizer depois de tanto que já se

disse, de tanto que se desperdiçou em acusações e briguinhas vazias? Olhos fechados, as duas optam pelo silêncio. Mas será que vão permanecer assim pelas próximas dez horas do voo? Pelo período quer durar a viagem? Semanas? Talvez. Isso é, se nenhuma delas quebrar o gelo antes.

As margaridinhas de Jorge servem exatamente a esse propósito.

Sem ter o que fazer ou para ocupar as mãos ou intencionalmente mesmo, Luciana começa a despetalar as flores, uma a uma. “Bem-me-quer, mal-me-quer...”, diz baixinho. O gesto chama a atenção de Helena. Aí, Luciana estende para ela uma flor e Helena repete o mesmo gesto, solidária. Já sorriem uma pra outra. A viagem segue e as duas, como numa oração, quase que entregando seus destinos a essa ingênua brincadeira de criança, vão em busca do mesmo sonho.

Vão viver a vida.

Já não há mais rivalidade. Lado a lado, agora, há apenas duas velhas e grandes amigas.

A viagem

Despedidas, esperanças e mazelas na despedida de Helena e Luciana

Título da Matéria

Chega a hora da partida. A bordo do avião que decola em instantes, além da bagagem, tripulantes e dos passageiros, seguem sonhos, muitos sonhos. Duas mulheres em momentos diferentes, com vidas diferentes, mas unidas pelo prazer de realizar um grande desejo. Helena encerrando a carreira em grande estilo, justamente em Petra, aquela cidade mágica da Jordânia; Luciana ainda no inicio, mas com pique total para arrasar em seu primeiro desafio internacional. As duas com o mundo e a vida pela frente.

No aeroporto, porém, percebe-se que deixam pra trás alguns problemas. Helena e Marcos estão frios, distantes um com o outro. A viagem, parece, causou uma ruptura na relação. Luciana vem com a família, mas nem sinal de Jorge. O namorado – ou podemos chamar de ex-namorado? – sabe da notícia pelo jornal e não se digna a dar nem um telefonema de despedida, pelo menos até aquele momento.

Na sala VIP, sem que Marcos ouça, Tereza puxa Helena e literalmente entrega Luciana aos seus cuidados. “Você está me representando, está no meu lugar... Ela vai e volta com você, sob sua responsabilidade”. Helena entende o recado, e diz que ela pode confiar – mas sente o peso da cobrança.

De repente, quem aparece? Jorge, buquezinho de flores na mão. Luciana corre e o abraça. É a reconciliação a dois minutos da partida. Miguel, também presente, não esconde a inveja. Jorge declara seu amor, mas diz manter as mesmas certezas de antes. Súbito, a voz macia do aeroporto anuncia o voo. É hora de Helena e Marcos se despedirem. Ela diz realizar dois desejos na viagem, o dela e o de Luciana, mas garante que não gostar de sair de perto de Marcos. Um beijo simples, formal, sela o adeus.

Ficam Marcos, Tereza e Jorge sozinhos no saguão. “Nós três sobramos... É a vida”, conclui sabiamente Tereza.

Último capítulo de Caminho das Índias.