A porta do apartamento se abre e, estampadas em letras garrafais logo na entrada, faixas saúdam a chegada da moradora que faltava: “Bem-vinda, Lu!”, “Nós te amamos”. Além delas, a sala está toda decorada com flores de todas as cores e arranjos de todos os tamanhos. No rosto das pessoas ¬ - pais, irmãs, empregados, enfermeira, Miguel e Jorge - sinais evidentes de alegria.
Mas há a certo desconforto também. Luciana está comovida com a recepção e, nos braços de Jorge, passeia pela casa pra revê-la. Primeiro pela sala, depois pela varanda. Jorge faz tudo pra agradar a namorada e a leva, mas no seu rosto vemos que já não se aguenta de tanto peso: “Caramba”, ele diz, “estou precisando dar uma fortalecida nos músculos”.
Na varanda, do colo de Jorge, Luciana vê o mar do Leblon e aquela paisagem deslumbrante escancarada na frente dela. O vento e o cheiro do mar fazem bem e ela já pensa noutras aventuras: “Eu quero mergulhar. Você me leva um dia?”.
Depois é a vez de chegar ao quarto. Luciana repara nas mudanças: “uma casa toda adaptada para a nova moradora”. A cama já não é mais a de antigamente. Quando se depara com uma cama idêntica a que tinha no hospital, Luciana murcha: “Era uma das coisas de que mais gostava e me tiraram”. Ela reconhece que sua reação entristece todo mundo.
Todos queriam que ela tivesse mais conformada e já tivesse superado a angústia que sente, mas Luciana confessa: “É difícil”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário